Santo Tomás de Aquino

" Levar os homens à Verdade é o maior benefício que podemos prestar aos outros "

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Livros para Baixar : " A CONTRIÇÃO PERFEITA "



Título :  A Contrição Perfeita 
Autor :  Pe. J. de Driesch ( sacerdote de Colônia, Alemanha )
Ano de Publicação :   1913
Páginas :   35

Prólogo

 Tanto pela importância da matéria, de certo bem pouco conhecida da maioria dos cristãos, como pela abundância de doutrina e o interesse com que ela é tratada no que diz respeito à sua utilidade prática, bem pode dizerse que este livrinho encerra em suas poucas páginas o valor de muitos volumes. O grande meio de salvação chamou Santo Afonso Maria de Ligório a um livrinho que, entre muitos outros, compôs sobre a oração; e diz dele que queria vê-lo nas mãos de todos, por tratar de um meio tão principal e de tanta eficácia para assegurar o Céu às almas. Pois, com não menos verdade, ainda que em sentido algum tanto distinto, devemos dizer outro tanto da prática do amor e contrição perfeita, como sendo o grande meio de salvação, pois que está em conexão ainda mais imediata com a consecução da vida eterna do que somente a oração. Por isso, queria eu, como Santo Afonso com o seu, ver este livrinho nas mãos de todos, persuadido de que a sua atenta leitura e a execução prática das doutrinas que nele se ensinam, abrirão as portas do céu a muitíssimas almas, para quem, sem ele, estariam eternamente cerradas, e de que hão de acrescentar de uma maneira inesperada o direito ao Céu e à eterna bemaventurança a muitas outras que, pela guarda da graça santificante, já são credores dele. Não devia haver cristão algum que não estivesse solidamente instruído sobre a transcendência que tem um ato de contrição e caridade perfeita, pois que é de incalculável importância tanto para a hora da morte própria como para a dos outros, a quem talvez tenha de assistir. Assim, pois, ninguém deveria esquecer-se desta verdade em tempo de saúde; porém, para o tempo de enfermidade e de perigo sobretudo, é + openoffice-in.doc IHS 5. sumamente para desejar-se que a conheçam a fundo e profundamente a gravem na alma os que a têm esquecido ou só imperfeitamente a conhecem. Oxalá, pois, se difunda o mais possível esta obrazinha, e não duvido de que a sua leitura será acompanhada de inumeráveis bênçãos do céu. Pe. Agostinho Lehmkuhl, S.J. Valkenburg, Colégio de Santo Inácio, outubro de 1903.

Livros para Baixar : AS EXCELÊNCIAS DA SANTA MISSA


Ano de Publicação:   1737
Autor :   Leonardo de Porto-Maurício ( Ordem dos Frades Menores )
Páginas :  121

Autorizado pelo S. S. Papa Clemente XII

Trecho da obra:

EXCELÊNCIA, NECESSIDADE
E VANTAGENS
DO SANTO SACRIFÍCO DA MISSA
Grande paciência é necessária para suportar a
indiferença, que a maioria dos batizados na Igreja Católica têm
pela Santa Missa: eles rescendem ateísmo e são o veneno da
piedade. Pensam eles: “Uma missa a mais, uma missa a
menos, que importa... Já é bastante ouvir a missa nos dias de
festa. A missa de tal padre é uma missa de semana santa:
quando ele surge no altar eu fujo da igreja”.
Esses que assim falam deixam perceber claramente que
pouca ou nenhuma estima têm pelo santíssimo Sacrifício da
Missa.
Sabeis que, na realidade, a Santa Missa? É o sol da
cristandade, a alma da Fé, o centro da religião Católica
apostólica com a sede em Roma, a que tendem todos os seus
ritos, todas as suas cerimônias, todos os seus sacramentos. É
uma palavra, A ESSÊNCIA DE TUDO O QUE HÁ DE BOM E
BELO NA IGREJA DE DEUS.
Por isso caros leitores meditem bem tudo que vou dizervos
nesta instrução.

ORAÇÃO : ATO DE ABANDONO ( Frei Garrigou-Lagrange )

    Frei Réginald Marie Garrigou-Lagrange, O.P.

Em vossas mãos, ó meu Deus, eu me entrego.

Virai e revirai esta argila,
sicut lutum in manu figuli (Jeremias 18, 6),
como a vasilha que se modela nas mãos do oleiro.
Dai-lhe forma;
e em seguida despedaçai-a, se assim quiserdes;
ela vos pertence, e nada tem a dizer.
Basta-me que ela sirva a todos os vossos desígnios
e que em nada resista a vosso divino beneplácito,
para o qual eu fui criado.
Pedi, ordenai;
que quereis que eu faça?
que quereis que eu deixe de fazer?
Exaltado ou rebaixado,
perseguido, consolado ou aflito,
utilizado em vossas obras ou sem para nada servir,
a mim não resta senão dizer,
a exemplo de vossa Mãe Santíssima:
“Seja feito segundo a vossa palavra”.


Concedei-me o amor por excelência,

o amor da cruz,
não destas cruzes heroicas
cujo esplendor poderia nutrir o amor próprio,
mas destas cruzes ordinárias
que nós carregamos, ai de nós, com tanta repugnância,
destas cruzes de todos os dias,
com as quais a vida está repleta
e com as quais nos deparamos a todo momento,
no caminho, na contradição, no esquecimento,
no fracasso, nos falsos julgamentos, nas contrariedades,
nas friezas ou no entusiasmo de alguns,
na grosseria ou no desprezo dos outros,
na enfermidade do corpo, nas trevas do espírito,
no silêncio e na secura do coração.
Somente então sabereis que vos amo,
embora, às vezes, nem eu mesmo o saiba nem sinta;
e isto me basta!

Frei Réginald Marie Garrigou-Lagrange, O.P.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

ÚLTIMOS MOMENTOS DE TOMÁS DE AQUINO


Auge místico e morte de Tomás de Aquino




O último ano da vida de Tomás de Aquino é assinalado por diversos acontecimentos extraordinários que mostram como, de dia para dia, era cada vez mais irresistível o chamado às intimidades sobrenaturais.

Já no convento de Nápoles, frei Domingos de Caserta repara que Tomás desce de seu quarto antes das matinas e vai até à igreja. Apenas o sino toca e supõe os companheiros prestes a despertar, volta para cima, como se não quisesse ser descoberto.

Frei Domingos resolve um dia saber o que se passa. Levanta-se mais cedo e, ao ver o Doutor Angélico sair da cela, segue-o, oculto, à capela de São Nicolau. Aí surpreende o mestre dominicano imerso em profunda oração. Com grande espanto, observa que seu corpo se eleva no ar, dois palmos acima do nível do solo. Dentro de alguns momentos, na penumbra silenciosa da capela, soa uma voz misteriosa, que vem do crucifixo erguido no Altar:
Tomás, escreveste bem sobre Mim.
Que receberás de Mim
como recompensa pelo teu trabalho?"

De joelhos, transportado de fé, Tomás exprime na resposta a plenitude de seu ardor místico:
Senhor, nada, senão Vós!"
Depois de narrar esta cena prodigiosa, Tocco informa que o mestre trabalha então na terceira parte da Summa Theologiae, e pouco mais escreverá. Se o Senhor lhe fala de recompensa, é sinal do fim de suas canseiras.

De fato, não decorre muito tempo sem que Tomás atinja a maior altura de sua vida visível. É no dia 6 de dezembro de 1273, quando celebra a Missa, na mesma capela de São Nicolau. Bruscamente, opera-se nele grande mudança, que impressiona a todos os assistentes. Finda a Missa, não volta a escrever e deixa mesmo por acabar a terceira parte da Summa, logo após ter terminado o tratado sobre a Eucaristia.

Desgostoso, ao vê-lo cada vez mais afastado dos tratos habituais, observa-lhe o seu secretário, frei Reginaldo de Piperno:
Mestre, como abandonais uma obra tão vasta, que empreendestes para a Glória de Deus e iluminação do mundo?"

Tomás replica:
Não posso mais."
Pouco tempo depois, acompanhado de Reinaldo, vai o Doutor Angélico visitar sua irmã, a Condessa Teodora de Sanseverino, de quem é especialmente amigo. Estranha-o Teodora, que, surpreendida, indaga ao seu confidente: "Que é isto? Frei Tomás está tão distraído que mal me falou!". Piperno, melancólico, esclarece-a: "Anda assim desde a festa de São Nicolau. Deixou mesmo, por completo, de escrever." E torna a insistir, repetidas vezes, com o mestre, para que lhe explique a razão de sua apatia. Até que Tomás declara de novo, com mais firmeza e veemência:

Peço-te, pela caridade que tens agora por mim, que não transmitas a ninguém, enquanto eu viva, o que te disser."

E acrescenta, peremptório:
Tudo que escrevi até hoje, parece-me unicamente palha, em comparação com aquilo que vi e me foi revelado."3
Algumas semanas mais tarde, Tomás de Aquino foi convocado pelo Papa para se apresentar ao Segundo Concílio Ecumênico de Lião; junto com seu secretário Reginaldo e Tiago de Salerno, empreende uma viagem até à França.

No meio do caminho, próximo a Fossa Nova, Tomás fica doente; é acolhido no mosteiro cisterciense daquela cidade e aí vem a falecer.

Antes de falecer, voltou a manifestar-se mais uma vez sobre o ocorrido no dia 6 de dezembro do ano anterior; sobre este assunto, se Deus nosso Senhor o quiser e permitir, voltaremos a falar com mais lastro em momento apropriado.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

SUGESTÕES DE LIVROS


Separei alguns livros santos que muito recomendo. Ao longo dos dias, vou postando outros. Lembro que, os links que disponibilizei abaixo deles não tem qualquer vínculo com as editoras e nada impede que procurem um preço mais acessível ou mesmo baixem pela internet.




Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem Maria
Autor :  São Luis Maria Grignon de Montfort
http://www.cultordelivros.com.br/produto.php?id=1040666


.Carta Circular aos Amigos da Cruz
 Autor :   São Luis Grignon de Montfort
http://www.cultordelivros.com.br/produto.php?id=628576




Confissões
Autor :   Santo Agostinho
http://www.saraiva.com.br/confissoes-col-saraiva-de-bolso-4266357.html


Filotéia - Introdução à Vida Devota
Autor :  São Francisco de Sales

http://www.cultordelivros.com.br/produto.php?id=1306010


Tratado da Conformidade com a Vontade de Deus
Autor :  Santo Afonso Maria de Ligório
http://videeditorial.com.br/tratado-da-conformidade-com-a-vontade-de-deus




O Homem e a Eternidade
Autor :  Frei Reginald Garrigou-Lagrange
http://www.stacruzartigoscatolicos.com.br/livros/o-homem-e-a-eternidade-r-garrigou-lagrange



A Imitação de Cristo
Autor : Tomás de Kempis ( provavelmente )
http://www.submarino.com.br/produto/7032288/livro-imitacao-de-cristo-com-reflexoes-e-oracoes-de-sao-francisco-de-sales

POR QUÊ ESTE BLOG ?

         

" Dicit ei Pilatus quid est veritas " ( Disse-lhe Pilatos : Que é a Verdade ?) 
 Evangelho de São João, 18: 38.





              Seguindo o Evangelho, notamos que Jesus silencia diante dessa pergunta, e Pilatos em seguida diz que não tinha motivo algum pra condená-lo. O homem moderno, cercado de ideologias marxistas e maçônicas, olhando uma pergunta como esta, poderia se questionar se a verdade não seria então relativa, pois que mal haveria em ter relações sexuais fora do casamento, quando duas pessoas querem. Aí se encontra o ponto fundamental de nosso pensamento.
               A Verdade está toda revelada numa Pessoa e num acontecimento que mudou para sempre o sentido de tudo:  a Verdade é o próprio Deus encarnado, na Pessoa do Filho, Jesus Cristo e sua morte na cruz. " Eu Sou o Caminho, a Verdade e a Vida "( São João 14:6 ), disse  para São Tomé. Reparamos bem e nos perguntamos por que em um momento reunido com os apóstolos,  fala claramente que é o "Caminho", e aqui não há dúvida da expressão, e mais tarde, perto da condenação quando Pilatos faz a mesma pergunta, não responde. O Evangelista São João mostra com isso, que o mundo não acolhe os ensinamentos de Deus. O mundo questiona, mas não está disposto a largar suas mordomias e seus prazeres para viver definivamente como Deus quer. O silêncio de Cristo, é terrivelmente frustante, pois se de um lado questionamos o sentido da vida, por outro, mesmo que nos seja revelado, não a reconheceríamos. Para os amigos da cruz como foi São Tomé, ao qual morreu martirizado e que recebeu a resposta do Senhor, não somente ouvindo mas aceitando essa Verdade, o prêmio estaria reservado para a eternidade. Definitivamente não somos cidadãos deste mundo.
           Este pequeno trecho do Evangelho, me inspirou, não somente o título, mas todo este blog. Minha idéia é postar somente artigos e pensamentos de minha autoria, pois não faria muito sentido ficar " copiando e colando ". Pretendo assim, que o autêntico caminhe lado a lado com a minha pequenez e miséria, sendo cada vez mais humilde e reconhecedor que tudo provém de Deus e nada que escrevo poderia se realizar se antes Ele não permitisse. Rezo a  meu anjo da guarda, à Virgem Maria,  São José,  São Miguel Arcanjo e às almas do purgatório para que me ajudem a fazer antes de tudo a vontade de Deus.
              Finalizo com uma frase maravilhosa de uma doutora da Igreja:
             " Eu sou o que Deus pensa de mim " ( Santa Terezinha ).


André Bruneli
Pecador remido pelo sangue de Cristo.
             

domingo, 24 de janeiro de 2016

( VÍDEO ) POR QUÊ EXISTEM AS DOENÇAS

( VÍDEO ) A IGREJA E A HOMOSSEXUALIDADE

DESPREZO DE SI E HUMILDADE

Desprezo de si e humildade - Sta Teresa D'Avila

Fonte: O Segredo do Rosário
A princípio, tudo se nos afigura muito árduo, e com razão, porque é guerra contra nós mesmos. Mas começando a trabalhar, Deus opera tanto na alma e lhe faz tais favores, que ela acha pouco tudo quanto se pode fazer nesta vida.

(...) Tudo, ou ao menos quase tudo, depende do esquecimento de nós mesmas e de nossas comidades. Quem deveras começa a servir ao Senhor, o mínimo que Lhe pode oferecer é a vida, depois de Lhe ter dado a vontade. Que há de temer?

(...) Aprendamos a contradizer em tudo a nossa vontade própria. Se empregardes nisto toda diligência, a pouco e pouco estareis no cume sem saber como. Parece demasiada exigência dizer que não tenhamos satisfação em coisa alguma! É porque não se diz a um tempo quantos prazeres e alegrias acarretam esta contradição, e o que se ganha com ela, ainda nesta vida! Quanta segurança!

(...) Acerca dos movimentos interiores haja muita vigilância, especialmente no que se refere às proeminências. Deus nos livre, por Sua Paixão, de dizer ou pensar, para deter-nos nisto: "Sou mais antiga", "tenho mais anos", "trabalhei mais", "tratam melhor a outra". Se surgirem tais pensamentos, atalhai-os com presteza. Demorar neles ou pô-los em prática é peste e origem de grandes males. 

(...) Onde houver disputas de honra ou de dinheiro, crede-me, nunca progredirão muito. Não chegareis a gozar do verdadeiro fruto da oração, ainda que tenhais dela muitos anos de exercício - ou, para melhor dizer, de meditação - porque oração perfeita elimina esses ressaibos.

(...) Considere cada um em si o que tem de humildade e verá os progressos que fez. Parece-me que ao verdadeiro humilde, ainda por primeiro movimento, não ousará o demônio tentar em matéria de superioridades. Sagaz como é, teme o golpe. É impossível uma alma humilde não sair com maior fortaleza e aproveitamento na humildade quando é tentada contra ela.

Está claro, nessa tentação ela revê sua vida passada, compara os seus pobres serviços com os benefícios recebidos de Deus, examina seus próprios pecados e o lugar onde merecia estar por eles. Considera também as grandezas que o Senhor realizou aniquilando-se a Si mesmo para nos deixar exemplo de humildade. Isto faz tanto bem à alma, que o maligno não ousa tornar à carga, para não sair com a cabeça quebrada.

Segui este meu conselho e não o esqueçais: para vingar-vos do demônio e livrar-vos depressa da tentação, não vos contenteis em tirar proveito só no interior - grande mal seria se assim não fosse - mas, também no exterior, procurai que os irmãos se beneficiem com vossas tentações.

Assim que a tentação vos assaltar pedi à prelada que vos mande fazer algum serviço baixo, ou fazei-o como puderdes. Nesta matéria vive sempre estudando o modo de dobrar vossa vontade nas coisas que vos contrariam. O Senhor vos fará descobrir as ocasiões, e com isto durará pouco a tentação.

Deus nos livre de pessoas, desejosas de O servir, que se lembram da própria honra! É mau lucro. 

Sta Teresa D'Avila, Caminho de Perfeição, Cap. 12

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

RIQUEZAS DO CATOLICISMO







Riquezas do Catolicismo: consciência das próprias misérias


Acho que é de Chesterton a frase segundo a qual tornar-se católico é o único meio que o ser humano tem de escapar à condição de ser escravo do seu tempo. Ao converter-se à Igreja Católica todo fiel coloca-se, imediatamente, sobre os ombros de vinte séculos de humanidade, e adquire uma visão de mundo de um tal alcance que não seria capaz de obter de outra maneira.
Isso tem incontáveis implicações. Uma delas — fundamental, aliás, para qualquer processo de conversão sério — é notar que não existe nenhum pecado que não seja alcançado pela misericórdia de Deus. Nenhuma ofensa, por grande que nos pareça, é capaz de oferecer obstáculo verdadeiro à Graça alcançada por Cristo na Cruz do Calvário; não existe nenhum pecado que não possa ser verdadeiramente remido (e faço um parêntese: é por isso que rezamos, no Símbolo Apostólico, que cremos “na remissão dos pecados”, remissão verdadeira e própria, i.e., extinção, aniquilamento, destruição, desaparecimento. Isto é muito mais forte do que “ficar quite” após o cumprimento de uma pena: a remissão dos pecados é o fim da própria dívida que implicava na pena); não existe, dizia, nenhum pecado que não possa ser perdoado pelo Deus que é Todo-Poderoso exatamente para cancelar a paga que, por dívida de justiça, incumbe-nos prestar pelo mal que praticamos.
Não há pecado algum que não possa ser perdoado: esta é uma verdade que nos deve reconfortar. Mas a ela corresponde uma outra verdade, infelizmente menos lembrada mas nem por isso menos verdadeira, e que deveria nos fazer vigilantes e cuidadosos: do mesmo modo que não há pecado que não possa ser perdoado, não há também pecado, por grave que seja, que não possa ser cometidoNinguém está imune a ofender a Deus! Ao contrário até: se não o fazemos, é porque Ele nos sustenta com a Sua Graça. Se não fosse por Ela, se Ela nos faltasse um instante sequer, pereceríamos verdadeira e miseravelmente, sem que nada pudéssemos fazer.
A tradição da Igreja é rica neste tipo de meditação, desde a advertência paulina (qui se existimat stare videat ne cadat — “quem julga estar de pé cuide para que não caia”, 1Cor 10, 12) até, por exemplo, esta eloquente passagem de S. Luís de Montfort que sempre me pareceu comovente:
Ah! Quantos cedros do Líbano, quantas estrelas do firmamento não têm-se visto cair miseravelmente e, em pouco tempo, perder toda a sua elevação e claridade! Donde proveio esta estranha mudança? O que faltou não foi a graça, que não falta a ninguém, foi a humildade. Julgaram-se mais fortes e mais capazes do que eram; julgaram que podiam guardar os seus tesouros. Fiaram-se e apoiaram-se em si mesmos. Acharam a sua casa bastante segura e os seus cofres bastante fortes para guardar o precioso tesouro da graça.
Somos fracos, ainda que não o experimentemos, ainda que as pessoas que nos são próximas não o sejam capazes de perceber. Temos no nosso interior o desejo do infinito, sim, e uma capacidade extraordinária de abertura à graça de Deus; mas temos também, inafastavelmente, o poder de pecar, a capacidade da mesquinharia, a possibilidade da traição vil e covarde, a aptidão para os mais horrendos pecados. Tal consciência é uma riqueza da experiência cristã multissecular, parte do tesouro atemporal que se recebe ao tornar-se católico.
Eu pensava em tudo isso quando li esta matéria sobre um senhor de 67 anos que matou, decapitou e cortou os dedos da mulher com quem era casado há 37 anos. Esta espécie de crime bárbaro a gente costuma imaginar que é praticado por monstros, por doentes mentais, por pessoas cujos valores são totalmente diversos dos nossos; não parece ser o caso do sr. Jair. Pela história que foi contada não se tratou de nada minimamente premeditado: após uma briga, ele empurrou a mulher que «bateu a cabeça no chão e, por conta do ferimento no crânio, acabou morrendo». Naquele momento, «[d]esesperado», ele «decidiu decapitar a mulher e cortar as pontas dos dedos das mãos da vítima, para dificultar a identificação por parte da polícia»; na delegacia, ao relatar o seu desaparecimento, acabou entrando em contradições e, pressionado, terminou por confessar o crime.
Eu li a história e ela não me pareceu somente uma desculpa fajuta de um criminoso inveterado; talvez pelos cabelos brancos do idoso, pelos seus muitos anos de casamento, pela reação do filho do casal… não sei ao certo, mas acreditei no relato. E me parece, sim, que o sr. Jair está sofrendo, intimamente, as conseqüências das suas atitudes. Isso o torna mais humano. E isso nos torna, a todos nós, humanos miseráveis, mais próximos dele. E também ele, por mais inquietante que isso nos pareça, mais próximo de nós.
Quantos cedros do Líbano não têm caído por terra…! “Bom marido”, quase quatro décadas de casado, cabelos brancos, bons antecedentes. Que ninguém se julgue bom demais, perfeito demais, evoluído demais, auto-suficiente demais. Não o somos, e a realidade nos grita aos ouvidos, o tempo inteiro, que não o somos. Há sempre espaço para o arrependimento — esta é a grande maravilha da misericórdia de Deus! Mas há também sempre espaço para a queda. O demônio anda à nossa espreita, procurando nos devorar…! Tomemos cuidado. Vigiemos, que são muitos os melhores que nós que já caíram em suas garras.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

SANTO TOMÁS E SUA INTELECTUALIDADE


COMO FOI POSSÍVEL, em apenas 25 anos de magistério, numa época em que não havia imprensa, em que bibliotecas eram escassas e pequeníssimas e as viagens eram feitas a pé, uma atividade intelectual tão prodigiosa quanto a de Santo Tomás de Aquino?

Os testemunhos de sua época, que recolhemos principalmente da biografia de Guilherme de Tocco, seu discípulo, nos dão uma ideia de como ele estudava e trabalhava; podemos daí compreender de onde manava a fonte de suas colossais atividades, e termos uma compreensão inicial mais perfeita daquilo a que ele se referia quando falava da vida contemplativa.

Diz o biógrafo, contemporâneo de Tomás, – Guilherme de Tocco, – que:

Nada do que Tomás pôde ler, com a Iluminação divina, pôde deixar de explicar. No que fica visível que Deus o tinha escolhido para a investigação da verdade, pois o iluminou mais do que a todos os outros, pois nunca colocou pelo pecado obstáculos diante de Deus para que, através da oração, não pudesse buscar a verdade. De onde que Deus, enquanto ele vivia, mostrou a todos um evidente milagre, isto é, como em tão pouco tempo, nos seus 25 anos de magistério, duas vezes indo e voltando da Itália e Paris, pôde escrever tantos livros, discutir tão profundamente tantas questões e ensinar tantas coisas novas." 1

Este Doutor entregou-se para isto totalmente às coisas do alto, e foi contemplativo de um modo inteiramente admirável. Totalmente entregue às coisas celestes, na maior parte do tempo estava ausente dos sentidos, de tal modo que mais se supunha estar ele onde o seu espírito contemplava do que onde permanecia sua carne." 2

Ademais, durante o tempo da noite, dedicado pelos homens ao repouso, Tomás, após um breve sono, permanecia em seu quarto ou na igreja imerso em oração, para que orando merecesse aprender aquilo que deveria após a oração escrever ou ditar." 3

Todas as vezes em que queria estudar, disputar, ler, escrever, ditar, antes se entregava ao segredo da oração, para que encontrasse as coisas de Deus no segredo da Verdade; pelo mérito de sua oração, assim como se aproximava com as questões de que tinha dúvida, do mesmo modo saía dela ensinado." 4

Foi assim

(...) que escreveu um livro, intitulado Summa contra Gentiles, profundo pela sutileza e pela novidade das razões, em que mostrou de modo admirável o que já possuía pelo seu engenho e o que obtinha pela oração e pelo rapto da mente em Deus. De fato, frequentemente foi visto totalmente alheio aos sentidos, atento como sempre às Revelações divinas." 5

Indício certo de sua admirável memória era não somente o hábito da ciência, que ele possuía na alma tal como se a possuísse no livro; mas também aquela obra admirável que, a mando do Papa Urbano, de feliz memória, compôs sobre os quatro Evangelhos, em que citava de memória a maior parte das obras dos santos que ele tinha tido diante dos olhos, nos volumes que tinha lido em diversos mosteiros, todas as quais retinha em sua memória" 6

Como pôde compor tantos livros em tão breve tempo, Deus o mostrou admiravelmente por outros indícios. Este Doutor, de fato, algumas vezes ditava assuntos diversos a três e às vezes até a quatro escritores simultaneamente em seu quarto, de modo que parecia Deus infundir-lhe em sua mente diversas verdades simultaneamente, o que não poderia fazer ao mesmo tempo sem um milagre manifesto." 7

Tanta era a abstração da mente de Tomás, que às vezes não percebia estar sendo lesado em seu corpo. Certa vez os médicos acharam por bem cauterizar sua tíbia; ao que Tomás disse ao colega que estava consigo: 'Quando eles vierem com o fogo, faça-me o favor de me avisar'. Estando então no lugar em que deveria se realizar a cauterização, quando esta se iniciou, levantou-se a tamanha abstração que sequer percebeu o fogo que queimava sua perna; de fato, sequer moveu a perna do local em que estava." 8

Outra vez, estando Tomás em seu quarto a ditar um livro sobre a Trindade, tomou uma vela em sua mão e disse ao que escrevia: 'Seja o que for que vejas em mim, cuida-te de não me chamares'. Então, abstraído na contemplação, depois de uma hora a vela se consumiu e o fogo alcançou seus dedos, aí os tocando demoradamente sem que o Doutor os sentisse; ao contrário, continuou segurando o próprio fogo sem sequer um movimento dos dedos, até que ele por si só se apagou." 9